O Iluminismo
As origens do Iluminismo
O pensamento iluminista teve suas origens nas teorias filosóficas, políticas e científicas de alguns pensadores dos séculos XVII e XVIII, entre eles:
• Galileu Galilei (1564-1642): é considerado o “pai da ciência moderna” e foi um dos responsáveis pelo de-senvolvimento do empirismo, método científico moderno utilizado nas pesquisas dos fenômenos naturais.
• René Descartes (1596-1650): é conhecido como o “pai do racionalismo moderno”. Em sua obra Discurso do método defendia a ideia de que a razão é o único caminho pelo qual se pode atingir o conhecimento.
A aplicação da razão estendia-se também à compreensão do Universo, que ele definia com base nos conceitos físicos e matemáticos.
• John Locke (1632-1704): pensador inglês e teórico do liberalismo político, se opôs ao Estado absolutista e defendeu a garantia dos direitos naturais dos seres humanos: vida, liberdade e propriedade. A função do Estado, segundo Locke, é garantir às pessoas esses direitos por meio de um conjunto de leis, a Constituição, que limita a interferência estatal na vida dos cidadãos e dá a eles condições de se defenderem. Seu pensamento político foi exposto na obra Segundo tratado do governo civil e inspirou os colonos norte-americanos em sua luta pela independência, bem como os revolucionários franceses no processo da Revolução Francesa, em 1789.
lsaac Newton (1643-1727): cientista, filósofo e teólogo inglês, revolucionou as ciências com suas teorias sobre as leis físicas que regem o Universo. Por meio de seus postulados físicos, Newton estabeleceu a concepção de um Universo regido por leis físicas imutáveis e, portanto, mecanicista.
Os princípios iluministas
Apesar de não formarem um corpo doutrinário único, as ideias iluministas apresentavam alguns pontos
em comum:
• Racionalismo: a razão era tida como único guia capaz de conduzir ao conhecimento das coisas.
• Leis universais: o Universo passou a ser visto como uma máquina cujo funcionamento estava subme-
tido a leis naturais.
• Anticlericalismo: os iluministas, ainda que alguns fossem ateus, se não negavam a existência divina,
negavam qualquer possibilidade de intervenção divina e dispensavam, assim, as práticas religiosas que
pediam uma intervenção de Deus na natureza.
• Antiabsolutismo: os iluministas se opunham ao absolutismo por considerá-lo um sistema irracional,
baseado em falsos argumentos religiosos e que violentava os direitos fundamentais do ser humano.
Os pensadores iluministas
Montesquieu (1689-1755), um dos mais destacados teóricos do Iluminismo, escreveu, em 1721, Cartas persas, obra na qual criticava os costumes e as instituições da França absolutista. Em O espírito das leis (1748) discorreu sobre as diversas formas de governo, defendendo a limitação dos poderes dos monarcas e a divisão de poderes no Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário).
François Marie Arouet (1694-1778), ou Voltaire, talvez tenha sido o mais conhecido iluminista de sua época. Com estilo sarcástico, desferia críticas constantes às religiões e ao absolutismo. Em Cartas inglesas enalteceu a monarquia parlamentar britânica. Tornou-se conselheiro de reis como Frederico II, da Prússia, e Catarina I, da Rússia.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), nascido em Genebra, na Suíça, transformou-se no mais democrático pensador do Iluminismo. Valorizando muito mais a natureza do que a razão, Rousseau era um ardente defensor de que o ser humano é naturalmente bom, mas é corrompido pela sociedade, exaltando assim o contato com a natureza. Em Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, atacou a propriedade privada como origem de todos os males da sociedade. Escreveu ainda O contrato social, em que defendeu o governo democrático baseado num contrato entre governante e governados em prol do bem comum, constituído por direitos e deveres recíprocos.
A grande obra deixada pelos iluministas foi a Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios, cuja composição foi orientada por Diderot e D’Alembert, com a colaboração de vários autores iluministas.
Apresentava inúmeros aspectos do conhecimento humano sob a ótica da ilustração. Apesar dos entraves que foram criados à sua publicação, a Enciclopédia transformou-se no principal veículo de difusão das ideias iluministas nos círculos intelectuais burgueses no século XVIII, levando à formação do ideário liberal.
O pensamento econômico
Além do debate político e social, o pensamento iluminista suscitou novas formulações econômicas em oposição ao mercantilismo, em sua natureza intervencionista. Uma delas foi a fisiocracia.
Os fisiocratas afirmavam que a economia, assim como a natureza, é regida por leis que independem de qualquer tipo de intervenção. Assim, concluíram que existem leis naturais na condução dos assuntos econômicos e, portanto, não deveria haver qualquer tipo de intervenção do Estado nesses assuntos.
Para os fisiocratas, a agricultura (diretamente ligada à natureza) era a principal atividade econômica daqual todas as outras dependiam. Os principais teóricos da fisiocracia foram Quesnay (1694-1774), Gournay (1712-1759) e Turgot (1727-1781), que lançaram a palavra de ordem dos liberais: laissez-faire, laissez-passer (deixai fazer, deixai passar).
No último quartel do século XVIII, o escocês Adam Smith (1723-1790) lançou as bases do liberalismo ecoômico em sua obra Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. Partindo do pensamento fisiocrata e de suas críticas ao mercantilismo, defendia a liberdade econômica e de mercado, o direito individual sobre a propriedade privada e a não intervenção do Estado. Discordava, porém, dos fisiocratas ao estabelecer que o trabalho humano era a fonte de riqueza por excelência.
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