Populismo no Brasil
Contexto histórico
Os brasileiros que viveram a
década de 1940 atravessaram mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais
no mundo e no Brasil. No contexto mundial, enfrentaram a bipolarização de duas
grandes potências: uma liderando os países capitalistas, os Estados Unidos, e
outra liderando os países comunistas, a URSS.
Já no Brasil, antes da deposição
de Vargas do cargo de presidente, houve certo relaxamento contra os comunistas,
considerando-se que essas tensões ameaçavam a continuidade do Estado Novo,
inclusive com o perdão das penas e a soltura de alguns presos, caso, por
exemplo, de Luís Carlos Prestes.
Ainda no contexto da Guerra Fria,
o Brasil, atrás de recursos financeiros
e novos investimentos, aproximava-se cada vez mais dos Estados Unidos, passando
a aderir à política econômica desse país com maior ênfase. Além disso, a
demanda dos produtos industrializados estadunidenses fascinava a população
brasileira, principalmente, a de classe média, o que fazia aumentar o consumo
de produtos importados.
No entanto, o crescimento
econômico brasileiro do final da década de 1940 e na década de 1950 não era
sustentável, e o país passou a ficar cada vez mais dependente do capital
estrangeiro. Com isso, a dívida externa do Brasil aumentou rapidamente e o
crescimento não atingiu todas as classes, o que ampliou os contrastes sociais
já existentes.
Um fato que merece destaque foi o
retorno dos brasileiros às eleições presidenciais. No final de 1945, após 15
anos de governo varguista, os brasileiros puderam voltar às urnas e escolher o
presidente e os demais parlamentares que conduziriam o país dali para a frente.
Eleições de 1945
Durante a campanha eleitoral de
1945, Eurico Gaspar Dutra, candidato pelo PSD e em coligação com PTB, general e
Ex-ministro da Guerra do Brasil, aproximou-se de Getúlio Vargas e acabou
recebendo seu apoio. Isso beneficiou Dutra, que foi eleito com mais da metade
dos votos.
Era o início de um novo período
na história da frágil democracia brasileira. Dutra e os demais eleitos formaram
a Assembleia Nacional Constituinte e o primeiro desafio era construir uma nova
Constituição para o Brasil.
Constituição de 1946
A Constituição de 1946 foi
aprovada no dia 18 de setembro de 1946. De caráter em sua essência, reagiu ao
autoritarismo do Estado Novo e às limitações políticas dele. Dessa forma, a
Constituição passou a assegurar a liberdade de pensamento, de expressão e de
associação, além de garantir a ampla defesa dos brasileiros diante da justiça.
A nova Constituição ainda
determinava a autoridade dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e o
equilíbrio entre eles. Além disso, garantia as eleições diretas e obrigatórias
para todos os postos do Executivo e do Legislativo nos planos federal, estadual
e municipal.
Em relação à política do país,
ficou determinado que o voto fosse obrigatório aos maiores de 18 anos. No
entanto, excluiu soldados e cabos, considerados militares subalternos, e os
analfabetos. Essa exclusão impactava profundamente a sociedade brasileira, já
que grande parte da população era analfabeta devido às precárias políticas
educacionais do período.
No mundo do trabalho,
principalmente após a Greve dos 100 mil (veja abaixo, na legenda da foto), em
São Paulo, o direito à greve foi reconhecido aos trabalhadores, porém de maneira
bastante restritiva, já que a legislação classificava a maior parte das
atividades exercidas pelos trabalhadores como “essenciais”. Dessa forma, na
prática, quase toda paralisação continuou proibida.
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