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segunda-feira, 28 de junho de 2021

Revolução Russa



A Revolução Russa de 1917

Antecedentes

A partir da segunda metade do século XIX, a Rússia, uma monarquia de estrutura agrária e relações feudais, iniciou sua industrialização com base em financiamento externo, principalmente com capital proveniente da França e da Inglaterra. As mudanças decorrentes desse processo só agravaram as graves contradições sociais já existentes na região.

Na Rússia o poder concentrava-se nas mãos do czar (título atribuído ao imperador russo desde o século XVI). Apoiado pela aristocracia agrária e pela Igreja Ortodoxa Russa, seu poder era inquestionável, mas, com o aumento dos problemas sociais e das desigualdades, surgiram grupos de oposição que passaram a lutar pela limitação do poder e até pela queda do czarismo.


  Entre 1855 e 1881, a Rússia foi governada pelo czar Alexandre II, que aboliu as relações de servidão entre camponeses e nobres proprietários de terra. Ele morreu assassinado por radicais anarquistas que lutavam contra a ordem estabelecida. Seu sucessor, Alexandre III (1881-1894), intensificou a industrialização no país, porém, passou a perseguir os oposicionistas com sua polícia política – a Okhrana. Houve grande repressão: muitos foram presos, banidos, deportados e até enforcados.

O último dos czares russos foi Nicolau II (1894-1917), que continuou a industrialização do país, mas não pôde conter a crescente oposição ao seu governo. Em 1898 surgiu o Partido Operário Social-Democrata Russo, inspirado no marxismo e composto de intelectuais e elementos do operariado russo. Em razão da repressão czarista, muitos dos membros tiveram que fugir para o exterior.

 Duas teses foram debatidas: a primeira defendia a ideia de que a sociedade socialista se faria pela evolução política gradual, de acordo com a ortodoxia marxista, e a segunda defendia a derrubada imediata do czarismo por meio da insurgência revolucionária contra o czarismo. Os bolcheviques (maioria), liderados por Ivan Ilitch Ulianov (Lenin), passaram a defender a tese revolucionária, e os mencheviques (minoria), liderados por Julius Martov e Georgi Plekhanov, passaram a defender a tese gradual.

 




Assim como as outras potências europeias, a Rússia envolvia-se na expansão imperialista. Investimentos estrangeiros entravam no império czarista, e o país procurava ampliar sua influência na Ásia e nos Bálcãs. Porém, esse possível crescimento econômico foi detido com a derrota na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), provocada pelas disputas em busca do controle de pontos estratégicos no Extremo Oriente.

A Rússia, tradicional e atrasada, não resistiu à força do Japão que se modernizara na Era Meji.

O fracasso na guerra contra o Japão possibilitou o crescimento da oposição e marcou o início de várias manifestações contra o regime czarista, reivindicando a convocação de uma assembleia constituinte e melhores condições de vida. No dia 22 de janeiro de 1905, uma grande manifestação popular ocorreu na cidade de São Petersburgo (mais tarde Petrogrado, depois Leningrado e hoje novamente São Petersburgo) e foi violentamente reprimida. Esse episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento.


 

A partir daí, uma onda de protestos se alastrou pela Rússia, resultando em uma greve geral de operários, soldados e marinheiros. Nas principais cidades russas surgiam os primeiros sovietes, conselhos locais compostos de operários e soldados (posteriormente, também camponeses) que reivindicavam a participação nas decisões políticas e administrativas.

Um dos episódios marcantes da Revolução de 1905, na Rússia, foi a revolta dos marinheiros do navio de guerra Potemkin, que se transformou num clássico do cinema, O encouraçado Potemkin, de 1925, dirigido por Sergei Eisenstein. Em preto e branco e mudo, várias de suas cenas são consideradas determinantes para que o cinema passasse a ser considerado arte.


 

Diante das pressões, Nicolau II resolveu adotar medidas para conter os revoltosos. Prometeu a promulgação de uma Constituição, que seria elaborada por meio de um parlamento (Duma). Apesar de cumprir sua palavra, o czar acabou por dissolver a Duma, substituindo-a por outra de caráter censitário (ou seja, membros escolhidos pela renda) e, aos poucos, voltou a concentrar o poder em suas mãos, além de manter a repressão aos opositores.

No conturbado cenário que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, a Rússia compunha a Tríplice Entente, aliada da Inglaterra e da França, parceiros políticos e econômicos. A partir de 1914, a guerra causou grandes problemas ao país, pois a indústria entrou em crise e os camponeses diminuíram a produção agrícola. Os preços subiram e grande parte da população não tinha acesso a alimentos; como consequência da crise, as greves aumentaram.

Dentro do Partido Social-Democrata (socialista) a divisão política ideológica se aprofundava com a guerra. Parte dos mencheviques não aceitava que a Rússia saísse derrotada da guerra. Os bolcheviques e os anarquistas eram totalmente contrários à participação russa na guerra, entre eles Lenin, Leon Trotsky e Julius Martov.

A partir de 1916, a situação política do czarismo agravou-se ainda mais. No final desse ano, o exército russo tentou uma última ofensiva contra os alemães, que resultou em total fracasso. Os alimentos se tornavam cada vez mais escassos, as greves eram constantes e passava-se a exigir o fim do governo, melhorias trabalhistas e a saída da guerra.

1917 – O ano das revoluções

No início de 1917, a situação na Rússia era incontrolável. Greves e protestos se espalhavam por todo o país e, no dia 26 de fevereiro, soldados foram forçados a atirar contra manifestantes trabalhadores, matando dezenas deles; na mesma noite, porém, os soldados se uniram aos rebeldes.

Os sovietes passaram a coordenar a luta contra o czarismo. Em Petrogrado, um dos sovietes de maior força era comandado por mencheviques. A Duma formou um governo provisório. Os generais do czar tentaram impedir o avanço da revolução. As forças repressoras também não reconheciam o poder do czar e só obedeciam aos sovietes. A monarquia na Rússia terminou no dia 27 de fevereiro de 1917.

Um governo provisório foi formado sob a liderança do príncipe Lvov, de tendência moderada, mas que sofria a influência direta de Alexander Kerensky com a participação de mencheviques. Em julho, após a renúncia de Lvov, Kerensky assumiu o governo. Por sua tendência liberal e por apostar no fim não muito distante da Primeira Guerra, o governo menchevique decidiu manter o país no conflito.

Em abril, devido a uma anistia política implementada pelo governo menchevique, começaram a chegar políticos exilados, entre os quais os bolcheviques Lenin e Trotsky. Lenin assumiu a liderança do Partido Bolchevique e lançou as Teses de Abril com o lema “Paz, Terra e Pão”, nas quais propunha:

Transferência do poder para os sovietes;

Nacionalização dos bancos;

 Saída imediata da guerra;

 Reforma agrária;

 Instalação de um governo socialista.    

 

Trotsky recrutava combatentes, entre eles, operários e os soldados dos sovietes, para formar uma milícia revolucionária, que ficaria conhecida como Exército Vermelho.

Os sovietes passaram para o comando dos bolcheviques. Em 7 de novembro de 1917 (25 de outubro no calendário juliano), os bolcheviques tomaram o poder, atacaram o Palácio de Inverno em Petrogrado e provocaram a fuga de Kerensky.

 

O governo de Lenin (1917-1924)


 

Com a derrubada do governo menchevique, foi criado o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenin. Era o primeiro governo efetivamente socialista da História. Imediatamente, iniciaram-se as negociações para a saída da Rússia da Primeira Guerra. No dia 3 de março de 1918, foi assinado o Tratado de Brest--Litovsk com a Alemanha, que provocou grandes perdas de poder político e territórios aos russos.

Outras medidas foram adotadas: nacionalização dos bancos, fábricas e ferrovias, distribuição de terras aos camponeses e controle dos operários sobre as fábricas. Antigos partidários do czarismo, liberais, mencheviques organizaram uma contrarrevolução. Formaram o Exército Branco, composto essencialmente de conservadores, oficiais monarquistas e tropas de países aliados, iniciando uma guerra civil. Inglaterra, França, Estados Unidos e Japão apoiaram os contrarrevolucionários tentando conter o avanço da revolução.

Durante a guerra civil, tentando amenizar os problemas com o conflito e garantir a manutenção do Exército Vermelho, o governo adotou uma política econômica denominada “comunismo de guerra”, que previa o confisco da produção fabril e agrícola para combater a miséria que se alastrava pelo país.

Sob o comando de Trotsky, o Exército Vermelho venceu os Brancos e as tropas estrangeiras no começo de 1921. A guerra civil estava terminada, e a revolução socialista saía vitoriosa. Com a economia abalada por uma sequência de guerras, Lenin implantou a Nova Política Econômica (NEP), um planejamento econômico que mesclava princípios socialistas com elementos capitalistas. Abriu o país a investimentos estrangeiros, porém sob controle do Estado. Os camponeses podiam comercializar seus produtos livremente, os artesãos e pequenos empresários receberam incentivos e a economia voltou a crescer. Lenin definiu sua política econômica com uma famosa frase: “um passo atrás para dar dois à frente”.

Em 1922, Josef Stalin foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista, com a intenção de combater as oposições e nomear pessoas de confiança para os mais altos cargos do governo. Naquele mesmo ano, foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Com a morte de Lenin em 1924, o poder passou a ser disputado por Stalin e por Trotsky, chefe do Exército. Trotsky defendia a tese da “revolução permanente”, isto é, que a revolução socialista se expandisse para outros países; já para Stalin o socialismo deveria se consolidar primeiramente na União Soviética para depois se expandir: era o “socialismo num país só”.

O governo de Stalin (1927-1953)


 

Vitorioso em sua disputa com Trotsky, Stalin estabeleceu uma ditadura rigorosa na União Soviética. Aos poucos foi marginalizando seus opositores, até eliminá-los. Trotsky foi expulso da União Soviética e exilou-se no México, onde foi assassinado, em 1940, por um agente enviado por Stalin.

Com violência e repressão, o governo stalinista expulsou e executou todos os seus opositores dentro do partido por meio de julgamentos conhecidos como “expurgos”. Perseguiu cidadãos, que eram executados ou enviados para prisões em regiões remotas, como a Sibéria, onde eram submetidos a maus-tratos e a trabalhos forçados.

No plano econômico, o órgão responsável pelo planejamento econômico (Gosplan) propôs o fim da NEP e a adoção de Planos Quinquenais, que eram diretrizes essenciais para a economia russa que buscavam o crescimento econômico soviético. O primeiro plano (1928-1933) tinha a intenção de aumentar a produção de maneira global, atingindo de forma direta a industrialização, principalmente a indústria de base. A agricultura foi coletivizada com a criação dos sovkhozes, fazendas estatais, e dos kolkhozes, fazendas cooperativas. O segundo plano (1933-1938) já se apoiava nas conquistas do primeiro e, com o crescimento industrial, o objetivo passou a ser acelerar o desenvolvimento.

Em 1938, foi adotado o Terceiro Plano Quinquenal, que visava desenvolver a indústria especializada, como a química, porém, foi interrompido pela eclosão da Segunda Guerra Mundial.


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