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terça-feira, 3 de dezembro de 2013


ESCOLA NA VISÃO DE BOURDIER
Peterson Silva de Morais[1]
Ana Kelly de Mesquita[2]


            
De uma forma aparente a escola é um espaço que o aprendizado acontece democraticamente, do mesmo modo para todos os estudantes.
            Embora democratize o ingresso a educação formal através da escola pública e gratuita, permanecerá havendo uma intensa relação entre as disparidades sociais, principalmente culturais.  Essa relação só pode ser esclarecida quando se analisa que a escola aprecia e determina aos alunos atributos que não são distribuídos de forma igual na sociedade, especialmente, o capital cultural.


            O capital cultural é um conceito mencionado por Bourdieu para esclarecer como a cultura em uma sociedade repartida em classe se transforma em algo que as classes dominantes empregam para acentuar as diferenças.
            Desta forma, a classe dominante valoriza a sua própria cultura e a impõe para as classes dominadas. Bordieu entendeu este fato e a nomeou de arbitrário cultural dominante. Arbitrário cultural dominante nada mais é: uma cultura se impor sobre outra. Uma dos mais relevantes subsídios desse sociólogo para a educação foi introduzir todo esse pensamento para a escola. A escola de uma forma dissimuladora coopera para essa cultura dominante e dessa maneira favorecem certos alunos em prejuízo de outros.
            Os desfavorecidos são precisamente aqueles alunos que não tiveram contato através da família com o capital cultural, sejam na forma de obras literárias, sejam por não ter tido acesso a ambientes e informações  espontaneamente acessíveis aos aluno de poder aquisitivo. Eles não conseguem dominar os mesmos códigos culturais valorizados pela escola, o aprendizado para eles é muito mais complexo.
       
           Assim, a violência simbólica parte do entendimento de que a cultura simbólica age de forma arbitrária, no momento em que ocorre uma naturalização da realidade dada, e sua manutenção por meio das praticas escolares.
     O Capital cultural idealizado por Bourdieu é de grande relevância, pois nos faz compreender por que nem todos são bem sucedidos na escola. Tem-se a ideia de escola democrática pregada por Anísio Teixeira, por exemplo, então na teoria todos que estudam e se esforçam conseguiriam sucesso, mas sabemos que isto não  acontece , por quê? Seria falta de inteligência? A resposta é: “Não” . Neste ponto se insere a ideia de Bourdieu: Algumas crianças, das classes menos abastadas não possuem a cultura que a escola demanda, acarretando o favorecimento de alguns alunos dotados de capital cultural obtido através da família. Mas podemos nos questionar, haveria solução para esse problema?
  Para Bourdieu a solução seria revelar esse funcionamento implícito da instituição. O papel do professor aparece nesse momento como sendo a ponte, o elo entre o que é ensinado na escola e a realidade daquele aluno, por exemplo, ao tratar de determinado conteúdo oferecer exemplos que façam parte do cotidiano do aluno. O professor deverá ser maleável para trabalhar com diferentes realidades.



[1] Cientista Social e estudante de Pedagogia da UFPI
[2] Psicopedagoga, Educadora Física e estudante de Pedagogia da UFPI

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Contexto histórico sócio cultural: O significado de cultura

Contexto histórico sócio cultural: O significado de cultura: O SIGNIFICADO DE CULTURA Peterson Silva de Morais [1] SANTOS, José Luiz dos.   O que é Cultura.   16 ed . ­­­-   São Paulo: Brasiliense...

Contexto histórico sócio cultural: ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO

Contexto histórico sócio cultural: ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO: ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO Peterson Silva de Morais [1] DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social....

ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO


ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO
Peterson Silva de Morais[1]
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1981. p. 17-57.

Este trabalho foi realizado a partir da leitura da obra: Relativizando: uma introdução à antropologia social, objetivando efetivar uma breve biografia do autor, expor suas ideias centrais e explicar como a contribuição deste antropólogo é contrária ao etnocentrismo.
Roberto Da Matta, considerado um dos intelectuais que mais tem contribuído com a Antropologia no Brasil, orientou-se para estudar o Brasil de forma totalizadora, uma maneira de compreender o país, a realidade vivida através de sua cultura e de seus aspectos, o que para Da Matta mostram a singularidade do nosso modo de vida, a nossa identidade. Tais aspectos, como, por exemplo, o carnaval e o futebol, fazem do autor um dos maiores intelectuais que desenvolveram o tão comentado "jeitinho brasileiro". 
            Roberto Da Matta é um pesquisador que nasceu na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Formou-se em história, fez especialização em antropologia social, mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard. Ele foi docente do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense, sendo chefe de seu Departamento de Antropologia e conduziu seu Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. É docente e mérito da Universidade de Notre Dame (EUA). Da Matta é autor de diversas obras de referência na Antropologia, Sociologia e Ciência Política, como Carnavais, Malandros e Heróis, A casa e a rua ou O que faz o brasil, Brasil?.Ele foi precursor nos estudos de rituais e festas em sociedades contemporâneas, tendo estudado o Brasil como sociedade e sistema cultural através do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho, se baseando nas categorias de tempo e espaço. Realizou pesquisas Etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé.
            Deste modo, através de uma perspectiva da antropologia, seus estudos mostram a realidade do Brasil. Em Relativizando, sua forma de ler a realidade social corresponde a uma valiosa forma de introduzir a antropologia social. Ao lado desta visão mais compreensiva do homem em sociedade, Da Matta procurou construir esta obra com uma linguagem simples, mostrando exemplos e ilustrações tiradas diretamente da sua experiência pessoal e da  sociedade brasileira.
A obra corresponde uma perspectiva e um ponto de vista daquilo que, Da Matta ver, como o coração da disciplina Antropologia Social. O básico desta postura é uma visualização encontrada todas as vezes que ocorre a relação entre o implícito com o explícito e se relativiza o familiar e o exótico, ele utiliza esta noção em sua obra. A obra “relativizando” trata-se de uma atitude positiva e valorativa, expressa pelo autor, quando pretende entender de forma honesta o exótico, o distante e o diferente, o “outro”.
No inicio do livro aborda pesquisas sobre os Apinayé e os Gaviões. Começa discorrendo sobre a antropologia no campo das ciências, constituindo comparando as ciências sociais e ciências naturais. Sendo estas compostas por acontecimentos que se repetem, e por isso as teorias podem ser examinadas, enquanto aquelas, as ciências sociais; estudam com fatos complexos, almeja observar fatos realizados pelos homens, e fatos que não estão mais acontecendo entre nós, ou que não podem ser reproduzidos em condições controladas, ainda que possam ser realizadas observações. São atos, que podem acontecer em diferentes locais, por isso pode haver modificações do se significado.
Conforme Da Matta; a antropologia social tem três campos de interesse determinados: uma delas é o estudo do homem enquanto ser biológico, com um caminho evolutivo definido. Essa é a área da chamada antropologia biológica, ou física. O segundo campo está relacionado ao estudo do homem no tempo, por meio das cristalizações, marcas das suas relações sociais e valores naquilo que utilizou durante o tempo, que corresponde ao estudo arqueológico. O terceiro campo é a antropologia social, cultural ou etnologia, que ultrapassa estudo do homem que produz e transforma a natureza é a maneira de ver do homem enquanto componente de uma sociedade e de um dado princípio de valores. A expressão da compreensão do mundo real sob a qual se acha.
Da Matta discute sobre os fatores biológicos que são diferentes dos sociais, aonde se expõe que o biológico é alguma coisa inerente, que a consciência não controla, o homem apenas dar respostas aos fatores naturais.
A obra ainda discute a diferença entre social e cultural, sendo os dois, interligados. A cultura é uma tradição, que é transmitida de geração a geração, o que torna uma sociedade singular, distinta da outra. Pode haver cultura sem sociedade, por meio de cristalizações, artefatos deixados por ela. Entretanto não há uma sociedade sem cultura, necessária para individualizá-la. O social e cultural estão relacionados, mas nenhum reproduz totalmente o outro. O antropólogo social dar início aos seus estudos através da observação dos sistemas sociais, compreendendo-os e, portanto abordando os valores.
Da Matta ainda aborda a “fábula das três raças” ou o “problema do racismo à brasileira”, com a finalidade de apresentar como o ponto de vista sociológico acha oposição na sociedade brasileira, pelo motivo de teorias deterministas, como as racistas.
Na sociedade brasileira o indígena, o afrodescendente e o europeu correspondem a um esquema de um triangulo, onde se vinculam, compondo outras, o negro e o índio sendo à base do triângulo e o branco o ápice. Essa vinculação acontece por que na sociedade brasileira ocorre uma hierarquização natural, na qual o branco vai estar sempre em condições de superioridade. Nos Estados Unidos não importa se o negro, ou o índio tenha riqueza, eles nunca serão iguais ao branco.
Outra discussão da obra é em relação ao método para fazer o trabalho de campo na antropologia social, Da Matta defende que o antropólogo deve aprender a ouvir o nativo, e a enxergar os costumes como o “selvagem” percebe, para compreender a lógica da sociedade a partir da perspectiva dele.
Uma das dificuldades que os pesquisadores enfrentam ao realizarem a pesquisa de campo é o rito de passagem, no qual acontece isolamento do pesquisador de sua sociedade e passa a fazer parte de outra, acontecendo uma ressocialização, deixando os seus preconceitos, por meio da assimilação dos costumes do outro grupo social, transformando o exótico em familiar e o familiar em exótico. Da Matta utilizou o familiar como alguma coisa que poderia ser parte do universo social habitual. Para transformar o familiar em exótico é necessário que haja um questionamento para posicionar os acontecimentos do mundo habitual à distância, do mesma maneira ocorre com o exótico, encontrando nele o conhecido e o familiar.
No epílogo Da Matta descreve sobre suas experiências, porque ele decidiu ser antropólogo social, como ele realizou as suas atividades de campo, mencionando os estudos feitos com a tribo Apinayé, com a tribo dos Gaviões e descreve sobre os grupos Jê do Brasil Central.
Ao defender a relativização, Da Matta entra em choque com as ideias etnocêntricas. Desta forma, a possibilidade de haver uma compreensão do “outro, na sua forma de agir, pensar, sentir, sem que haja preconceitos, centralizando nas diferenças, sem hierarquização.
Nisso consiste a transformação do familiar em exótico e do exótico em familiar, desenvolvida pela prática etnográfica do trabalho de campo; ou seja, trata-se da possibilidade de reconhecer na cultura do “outro”  formas diferenciadas de soluções para problemas comuns aos homens e, ao mesmo tempo, de descobrir, quando se olha para a própria cultura, certo grau de falta de visão cultural por estarmos habituados a ver como natural o social e o histórico a partir dos “pré-conceitos” e ideias etnocêntricas.




[1] Cientista Social e estudante de Pedagogia da UFPI. E-mail: moraispeterson@hotmail.com

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O significado de cultura

O SIGNIFICADO DE CULTURA
Peterson Silva de Morais[1]
SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. 16 ed. ­­­- São Paulo: Brasiliense, 2012. – (Coleção primeiros passos; 110)


                                                                   Os Mandarukus

Há muitas definições para a palavra cultura. De um modo geral, fala-se cultura como um conhecimento a ser adquirido, ou como conhecimento acumulado. Assim, diz-se que uma pessoa é “culta” quando ela é muito bem informada, tem muitos conhecimentos, fez universidade, pós-graduação. Um individuo nessas condições, segundo o senso comum, é uma pessoa que tem “cultura”.
Para a antropologia, entretanto, o conceito de cultura tem um significado diferente: “Cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não é apenas parte da vida social (...)”.  “Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo social.” (Santos, 2012, p.44).
 A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu dos seus antepassados.
  Cada sociedade elabora sua própria cultura ao longo da história e recebe influencias de outras culturas. Todas as sociedades, desde as simples até as mais complexas, tem sua própria cultura.
  Segundo Santos (2012, p.45) “Se a cultura é dimensão do processo social, ela deve ser entendida de modo a poder dar conta dessas particularidades”.
  A cultura pode ser definida também como um estilo de vida própria, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvolvem e que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma cultura apresentam uma identidade cultural. É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.
  Por exemplo, as comunidades indígenas são realidades diferenciadas em relação à sociedade dita “civilizada”. Como tal, são capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que pertencem a elas desenvolvem um forte sentimento de identidade cultural.
Atualmente, porém essas sociedades indígenas acham interagindo constantemente com sociedade não indígena, participando e partilhando dos mesmos processos sociais. Nesse processo, segundo Santos (2012, p.46) “suas culturas mudam de conteúdo e de significado.” (...).
O exemplo disto é o contato do povo Manduruku, índios que vivem na região do Amazonas, Mato Grosso e Pará, com frentes econômicas e instituições não indígenas. No momento em que os Munduruku entraram em contato com práticas não indígenas muitas característica de sua cultura se modificam.
Houve alterações das aldeias tradicionais para as partes a beira dos rios, ampliando pequenos núcleos populacionais, com certeza colaborou também para a dissipação da habitação dos índios, item fundamental na aldeia tradicional e na conservação de alguns seus rituais que estavam relacionados às praticas de fornecimento de alimentos, repartidas entre o período da seca (abril a setembro) e o período das chuvas (outubro a março). Entre estes rituais estava o da “mãe do mato”, efetivado no começo do período das chuvas, com intuito de conseguir autorização para as atividades de caça, proteção nos incursos pela floresta e resultados positivos nas caças. Certos elementos destas ações ainda estão atuais, ou foram recriados com novos significados, principalmente na relação de consideração com os animais caçados, nas atividades diárias do índio que caça e nos preceitos alimentares.
Conforme Santos (2012, p.47) “é inevitável que incorporem novos conhecimentos para que possam melhor resistir, que suas culturas se transformem para que as sociedades sobrevivam.” Desta forma, se a cultura é um processo social, ela tem que ser pensada como algo dinâmico em constante movimento.
O Carnaval é uma fortíssima marca da cultura brasileira. Hoje virou mais “marca” do que Carnaval, atraindo turistas, industrializando Escolas de Samba. O Carnaval se contextualizou, assim como as fantasias. A liberdade e a globalização trouxeram temas mundiais para o cenário carnavalesco. A criatividade e a improvisação também se tornaram mais comuns e substituíram os antigos e detalhados preparativos com as fantasias. Segundo Santos (2012, p.47), “Nada do que é cultural pode ser estanque, porque a cultura faz parte de uma realidade onde a mudança é um aspecto fundamental”.
Portanto, concluímos que a cultura é um processo social, dinâmico, em todos os seus aspectos e tem como consequência fortalecer a identidade pessoal e social do indivíduo, bem como de integrá-lo em seu grupo.



[1] Graduado em Ciências Sociais, estudante de Pedagogia e professor de sociologia e filosofia do ensino médio.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

OS TRÊS ÚLTIMOS PEDIDOS DE ALEXANDRE O GRANDE


1- Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
2- Que fossem espalhados no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados como prata , ouro e pedras preciosas ;
3- Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a ALEXANDRE quais as razões desses pedidos e ele explicou:

1- Quero que os mais eminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder diante da morte, são tão fracos e incapazes quanto qualquer outro mortal e por isso não são diferentes;

2- Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;

3- Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.