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quinta-feira, 25 de julho de 2013

O significado de cultura

O SIGNIFICADO DE CULTURA
Peterson Silva de Morais[1]
SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. 16 ed. ­­­- São Paulo: Brasiliense, 2012. – (Coleção primeiros passos; 110)


                                                                   Os Mandarukus

Há muitas definições para a palavra cultura. De um modo geral, fala-se cultura como um conhecimento a ser adquirido, ou como conhecimento acumulado. Assim, diz-se que uma pessoa é “culta” quando ela é muito bem informada, tem muitos conhecimentos, fez universidade, pós-graduação. Um individuo nessas condições, segundo o senso comum, é uma pessoa que tem “cultura”.
Para a antropologia, entretanto, o conceito de cultura tem um significado diferente: “Cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não é apenas parte da vida social (...)”.  “Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo social.” (Santos, 2012, p.44).
 A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu dos seus antepassados.
  Cada sociedade elabora sua própria cultura ao longo da história e recebe influencias de outras culturas. Todas as sociedades, desde as simples até as mais complexas, tem sua própria cultura.
  Segundo Santos (2012, p.45) “Se a cultura é dimensão do processo social, ela deve ser entendida de modo a poder dar conta dessas particularidades”.
  A cultura pode ser definida também como um estilo de vida própria, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvolvem e que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma cultura apresentam uma identidade cultural. É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.
  Por exemplo, as comunidades indígenas são realidades diferenciadas em relação à sociedade dita “civilizada”. Como tal, são capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que pertencem a elas desenvolvem um forte sentimento de identidade cultural.
Atualmente, porém essas sociedades indígenas acham interagindo constantemente com sociedade não indígena, participando e partilhando dos mesmos processos sociais. Nesse processo, segundo Santos (2012, p.46) “suas culturas mudam de conteúdo e de significado.” (...).
O exemplo disto é o contato do povo Manduruku, índios que vivem na região do Amazonas, Mato Grosso e Pará, com frentes econômicas e instituições não indígenas. No momento em que os Munduruku entraram em contato com práticas não indígenas muitas característica de sua cultura se modificam.
Houve alterações das aldeias tradicionais para as partes a beira dos rios, ampliando pequenos núcleos populacionais, com certeza colaborou também para a dissipação da habitação dos índios, item fundamental na aldeia tradicional e na conservação de alguns seus rituais que estavam relacionados às praticas de fornecimento de alimentos, repartidas entre o período da seca (abril a setembro) e o período das chuvas (outubro a março). Entre estes rituais estava o da “mãe do mato”, efetivado no começo do período das chuvas, com intuito de conseguir autorização para as atividades de caça, proteção nos incursos pela floresta e resultados positivos nas caças. Certos elementos destas ações ainda estão atuais, ou foram recriados com novos significados, principalmente na relação de consideração com os animais caçados, nas atividades diárias do índio que caça e nos preceitos alimentares.
Conforme Santos (2012, p.47) “é inevitável que incorporem novos conhecimentos para que possam melhor resistir, que suas culturas se transformem para que as sociedades sobrevivam.” Desta forma, se a cultura é um processo social, ela tem que ser pensada como algo dinâmico em constante movimento.
O Carnaval é uma fortíssima marca da cultura brasileira. Hoje virou mais “marca” do que Carnaval, atraindo turistas, industrializando Escolas de Samba. O Carnaval se contextualizou, assim como as fantasias. A liberdade e a globalização trouxeram temas mundiais para o cenário carnavalesco. A criatividade e a improvisação também se tornaram mais comuns e substituíram os antigos e detalhados preparativos com as fantasias. Segundo Santos (2012, p.47), “Nada do que é cultural pode ser estanque, porque a cultura faz parte de uma realidade onde a mudança é um aspecto fundamental”.
Portanto, concluímos que a cultura é um processo social, dinâmico, em todos os seus aspectos e tem como consequência fortalecer a identidade pessoal e social do indivíduo, bem como de integrá-lo em seu grupo.



[1] Graduado em Ciências Sociais, estudante de Pedagogia e professor de sociologia e filosofia do ensino médio.

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