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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A Sociedade dos Poetas Mortos





A história aconteceu no final da década de 50 século XX, na  academia Welton, uma escola fundamentada na tradição que preparava apenas rapazes, que contrata um ex-estudante Keating para dar aulas de literatura. O filme começa com uma apresentação para os alunos, na qual o gestor discursa sobre os fundamentos do colégio: tradição, honra, disciplina e excelência. Ainda,destaca que os alunos que estudam na escola são filhos de pessoas de sucesso financeiro e profissional e aspiram que seus filhos mantenham a tradição. Entretanto, a área artística é mostrada de forma negativa, assim, as aulas dinâmicas de Keating provocam aborrecimento dos pais e uma reflexão dos alunos sobre si, criticando os caminhos já determinados socialmente.
Keating tem como propostas aulas que estimulam seus alunos a raciocinarem por si próprios. É um professor fraterno, que tem uma participação bem ativa, mostra uma conduta muito diferente do que é adotada  pela escola. Atuando dessa forma, o professor conquista a afeição dos seus alunos.
Os estudantes, ao pesquisarem os documentos do professor quando era aluno da escola descobre que ele fazia parte da “Sociedade dos Poetas Mortos”, que correspondia em um grupo de alunos que se encontravam para recitar, escrever poesia, ler obras, por fim, defendiam o  “Carpe Diem” (aproveite o dia). Posteriormente, os alunos retomam sociedade, e passam a se encontrarem com os mesmos objetivos.
O auge do filme se traduz no derradeiro acontecimento, quando o gestor leciona a aula de literatura, devido a destituição de Keating, que penetra na sala para apanhar seus pertences. Nesse momento, um dos alunos principia uma atitude, subindo na carteira e dizendo “O Capitão, meu Capitão!”, e dessa forma todos os alunos realizam a mesma atitude, deixando o professor emocionado.

Keating era diferente em sua atitude pedagógica, prevalecendo a afeição, flexibilidade e criatividade, contudo, isso foi satisfatório para transformar os padrões da escola? Ou será que necessitamos de ações políticas nos vários campos para refletirmos e “realizarmos” um ensino diferente?
O filme pode ser encontrado http://www.filmesonlinegratis.me/sociedade-dos-poetas-mortos-dublado/


Peterson Silva de Morais (Sociólogo e professor)

sábado, 3 de janeiro de 2015

CONTOS DE FADAS ATUALIZADOS: FROZEN


Durante muito tempo os meninos e meninas desenvolveram-se escutando as narrativas de contos de fadas. A concepção que predomina é que essas narrações se perpetuam no tempo, pois discutem assuntos globais. Distinto do que imaginamos, o conto de fada tem um discurso ideológico, e grande parte das narrativas apresenta basicamente uma moral. No exemplo aqui vou dar um enfoque na mulher e seu papel de subjulgada, continuamente exposta nessas narrações como uma princesa fraca e inerte. Tantos contos no qual a mulher necessita somente ansiar por ser salva, que se realiza através de um príncipe influente.
É importante enfatizar que os Contos de Fadas contemporâneos como Frozen recuperam as antigas narrações de magias, bruxaria e com a presença da realeza. Entretanto, em seu enredo, em alguns casos, não há a presença da luta entre o bem e o mal, pois esta luta não é essencialmente resultado de atos de uma personalidade ruim. A falta de vilões decisivos é uma inovação que altera o modelo clássico.
Assim, estamos observando atualmente adaptações de certas historias que já têm uma moral mais modernizada. O ponto da transformação desse modelo veio com o filme Frozen. Foi surpreendente ao assistir um conto de princesas, mas sob uma perspectiva mais psicológizante e contemporânea.
Frozen discorre a tragédia de Elsa, filha do rei de Arendelle, que tinha a magia de controlar o frio e a neve. Quando garota, fere em um momento de descontração a sua irmã Ana, com a magia. A partir daquele momento, a princesa é ensinada a ocultar seus poderes, que ficam cada vez mais fortes, para que não ocorram outros acidentes perigosos. As princesas são afastadas e o Castelo do rei é fechado para o público. Porém, depois que seus pais morreram, Elsa é coroada se transformando em rainha de seu país. É no momento que, de forma acidental, após alguns eventos, ela demonstra seus poderes, ocasionando grande alvoroço entre as pessoas da região. Assim sendo, Elsa torna-se uma fugitiva, mas deixa a região com muita neve. Assim, a princesa Ana dá início a uma aventura para achá-la e tentar desfazer a magia.
Certos itens podemos destacar:
No filme Frozen, Elsa e Anna são as princesas  que protagonizaram a historia. Elsa, após a morte de seus pais, foi coroada rainha no inicio do filme. Distinto dos contos clássicos, na qual as princesas só se tornam rainhas após o matrimonio com um príncipe.
Aparecimento frequente nas narrações de contos de fadas clássico: príncipe e princesa cheios de paixões depois um simples contato. Em Frozen, essa paixão torna-se uma sátira. Anna, a irmã de Elsa, procura descobrir o romantismo e no momento em que sua irmã é coroada, se apaixona por Hans, um belo príncipe, que a pede para se casar com ele. Elsa, agora rainha,  reage não aceitando que ela se case com alguém que acabou de conhecer.
O sentimento que está presente, com outra figura dramática, é o sentimento de convívio, ao estarem convivendo gradualmente e estabelecendo algo juntos. Mais interessante também é observar Anna entre duas paixões, contudo não existe uma apreciação moralista por ela estar entre dois amores simultaneamente.
Distinto dos contos de fadas clássicos no qual a princesa é uma protagonista inerte sem evolução, somente espera a oportunidade em que os acontecimentos se desenvolvem a seu benefício, Frozen apresenta como tema essencial a evolução individual e maturidade das protagonistas.
Elsa tem a magia da criação e controle do gelo, todavia em momentos de aflição ela perde o controle de seus poderes. No inicio do filme Ana é atingida pela magia de Elsa, seus pais preferem ocultar seus poderes para não ferir outras pessoas. Podemos entender os poderes de Elsa como seus receios e temores que se manifestam inconscientemente e que ela procura reprimi-los e não compreendê-los. A sua procura durante o conto é ou reprimindo, ou externando, no entanto sempre se recolhendo de tudo, pois não consegue conviver com esta situação.
Anna também tem um caminho particular a seguir: ferida no coração pela magia de Elsa, ela deve se deparar com uma ação de amor verdadeiro para não sofrer o congelamento por toda a vida. Inserida em um romantismo idealista espera que a sua salvação esteja em um beijo de uma pessoa que a ame de verdade. Posteriormente iremos observar que a ação deve partir da própria Ana e não de outra pessoa, ela deve conseguir sua própria salvação, e não aspirar um príncipe encantado para salvá-la.
Todo a história tem um grande vilão é desta forma que os eventos acontecem, às vezes não há um herói empolgante, mas há um grande vilão, pois tal vulto, ao menos nos contos de fadas, não pode deixar de ter, devido as nossas ideias repletas de representações  presentes de dicotomias, a luta entre o bem e o mal. Em Frozen não há feiticeiros(as) poderosos (as), ou rainhas malignas. O ponto alto de tensão no drama é o confronto de Elsa e Anna, e delas consigo mesmas.
Os vilões estão presentes na história, contudo não são motivações das grandes dificuldades  passadas pelas protagonistas. Elsa, para conviver com sua magia, é guiada a reprimir seus sentimentos mais intensos. Assim, o vilão do enredo está intrínseco na própria Elsa.
Anna finda sua maldição e completa a magia do congelamento, no entanto ela consegue, minutos antes, salvar a Irmã da morte. Sua atitude de amor verdadeiro se efetiva. Assim, Ana salva a si próprio.

Em presença dessa atitude, Elsa compreende que só encontrando-se perto do amor fraterno,  que pode estar em bem consigo e com sua magia. Distintos dos contos clássicos, na qual a princesa se salva por um príncipe encantado, elemento extrínseco; em Frozen, a salvação está na esfera da pessoalidade, intrinsecamente.

Os Trolls, engraçados monstrinhos que possuem magia, teriam a função do transcendental no enredo, o poder místico, também não são possuidores do poder incondicional; permanecem continuamente, em formato pedras e vivem de uma forma harmônica com quem busca ajuda, sem estabelecer terror, pois todas as pessoas precisam de ajuda. Certamente, todas as pessoas precisam de ajuda e este é o aspecto fundamental de Frozen juntamente com o “amor de verdade”, constituímos em indivíduos sem perfeição evoluindo constantemente.
O interessante de Frozen são as protagonistas construindo suas subjetividades. Observamos no filme que o sentimento entre as irmãs, sem a vinculação do romantismo, de um príncipe encantado salvador, corresponde um grande progresso em relação à representação da mulher nos contos de fadas.

Frozen não mostra simplesmente uma perspectiva mais modernizada do amor e da imagem da mulher, é uma linda obra sobre conhecer a si mesmo, e de se colocar no lugar do outro.