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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Contexto histórico sócio cultural: O significado de cultura

Contexto histórico sócio cultural: O significado de cultura: O SIGNIFICADO DE CULTURA Peterson Silva de Morais [1] SANTOS, José Luiz dos.   O que é Cultura.   16 ed . ­­­-   São Paulo: Brasiliense...

Contexto histórico sócio cultural: ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO

Contexto histórico sócio cultural: ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO: ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO Peterson Silva de Morais [1] DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social....

ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO


ROBERTO DA MATTA: RELATIVIZANDO
Peterson Silva de Morais[1]
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1981. p. 17-57.

Este trabalho foi realizado a partir da leitura da obra: Relativizando: uma introdução à antropologia social, objetivando efetivar uma breve biografia do autor, expor suas ideias centrais e explicar como a contribuição deste antropólogo é contrária ao etnocentrismo.
Roberto Da Matta, considerado um dos intelectuais que mais tem contribuído com a Antropologia no Brasil, orientou-se para estudar o Brasil de forma totalizadora, uma maneira de compreender o país, a realidade vivida através de sua cultura e de seus aspectos, o que para Da Matta mostram a singularidade do nosso modo de vida, a nossa identidade. Tais aspectos, como, por exemplo, o carnaval e o futebol, fazem do autor um dos maiores intelectuais que desenvolveram o tão comentado "jeitinho brasileiro". 
            Roberto Da Matta é um pesquisador que nasceu na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Formou-se em história, fez especialização em antropologia social, mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard. Ele foi docente do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense, sendo chefe de seu Departamento de Antropologia e conduziu seu Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. É docente e mérito da Universidade de Notre Dame (EUA). Da Matta é autor de diversas obras de referência na Antropologia, Sociologia e Ciência Política, como Carnavais, Malandros e Heróis, A casa e a rua ou O que faz o brasil, Brasil?.Ele foi precursor nos estudos de rituais e festas em sociedades contemporâneas, tendo estudado o Brasil como sociedade e sistema cultural através do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho, se baseando nas categorias de tempo e espaço. Realizou pesquisas Etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé.
            Deste modo, através de uma perspectiva da antropologia, seus estudos mostram a realidade do Brasil. Em Relativizando, sua forma de ler a realidade social corresponde a uma valiosa forma de introduzir a antropologia social. Ao lado desta visão mais compreensiva do homem em sociedade, Da Matta procurou construir esta obra com uma linguagem simples, mostrando exemplos e ilustrações tiradas diretamente da sua experiência pessoal e da  sociedade brasileira.
A obra corresponde uma perspectiva e um ponto de vista daquilo que, Da Matta ver, como o coração da disciplina Antropologia Social. O básico desta postura é uma visualização encontrada todas as vezes que ocorre a relação entre o implícito com o explícito e se relativiza o familiar e o exótico, ele utiliza esta noção em sua obra. A obra “relativizando” trata-se de uma atitude positiva e valorativa, expressa pelo autor, quando pretende entender de forma honesta o exótico, o distante e o diferente, o “outro”.
No inicio do livro aborda pesquisas sobre os Apinayé e os Gaviões. Começa discorrendo sobre a antropologia no campo das ciências, constituindo comparando as ciências sociais e ciências naturais. Sendo estas compostas por acontecimentos que se repetem, e por isso as teorias podem ser examinadas, enquanto aquelas, as ciências sociais; estudam com fatos complexos, almeja observar fatos realizados pelos homens, e fatos que não estão mais acontecendo entre nós, ou que não podem ser reproduzidos em condições controladas, ainda que possam ser realizadas observações. São atos, que podem acontecer em diferentes locais, por isso pode haver modificações do se significado.
Conforme Da Matta; a antropologia social tem três campos de interesse determinados: uma delas é o estudo do homem enquanto ser biológico, com um caminho evolutivo definido. Essa é a área da chamada antropologia biológica, ou física. O segundo campo está relacionado ao estudo do homem no tempo, por meio das cristalizações, marcas das suas relações sociais e valores naquilo que utilizou durante o tempo, que corresponde ao estudo arqueológico. O terceiro campo é a antropologia social, cultural ou etnologia, que ultrapassa estudo do homem que produz e transforma a natureza é a maneira de ver do homem enquanto componente de uma sociedade e de um dado princípio de valores. A expressão da compreensão do mundo real sob a qual se acha.
Da Matta discute sobre os fatores biológicos que são diferentes dos sociais, aonde se expõe que o biológico é alguma coisa inerente, que a consciência não controla, o homem apenas dar respostas aos fatores naturais.
A obra ainda discute a diferença entre social e cultural, sendo os dois, interligados. A cultura é uma tradição, que é transmitida de geração a geração, o que torna uma sociedade singular, distinta da outra. Pode haver cultura sem sociedade, por meio de cristalizações, artefatos deixados por ela. Entretanto não há uma sociedade sem cultura, necessária para individualizá-la. O social e cultural estão relacionados, mas nenhum reproduz totalmente o outro. O antropólogo social dar início aos seus estudos através da observação dos sistemas sociais, compreendendo-os e, portanto abordando os valores.
Da Matta ainda aborda a “fábula das três raças” ou o “problema do racismo à brasileira”, com a finalidade de apresentar como o ponto de vista sociológico acha oposição na sociedade brasileira, pelo motivo de teorias deterministas, como as racistas.
Na sociedade brasileira o indígena, o afrodescendente e o europeu correspondem a um esquema de um triangulo, onde se vinculam, compondo outras, o negro e o índio sendo à base do triângulo e o branco o ápice. Essa vinculação acontece por que na sociedade brasileira ocorre uma hierarquização natural, na qual o branco vai estar sempre em condições de superioridade. Nos Estados Unidos não importa se o negro, ou o índio tenha riqueza, eles nunca serão iguais ao branco.
Outra discussão da obra é em relação ao método para fazer o trabalho de campo na antropologia social, Da Matta defende que o antropólogo deve aprender a ouvir o nativo, e a enxergar os costumes como o “selvagem” percebe, para compreender a lógica da sociedade a partir da perspectiva dele.
Uma das dificuldades que os pesquisadores enfrentam ao realizarem a pesquisa de campo é o rito de passagem, no qual acontece isolamento do pesquisador de sua sociedade e passa a fazer parte de outra, acontecendo uma ressocialização, deixando os seus preconceitos, por meio da assimilação dos costumes do outro grupo social, transformando o exótico em familiar e o familiar em exótico. Da Matta utilizou o familiar como alguma coisa que poderia ser parte do universo social habitual. Para transformar o familiar em exótico é necessário que haja um questionamento para posicionar os acontecimentos do mundo habitual à distância, do mesma maneira ocorre com o exótico, encontrando nele o conhecido e o familiar.
No epílogo Da Matta descreve sobre suas experiências, porque ele decidiu ser antropólogo social, como ele realizou as suas atividades de campo, mencionando os estudos feitos com a tribo Apinayé, com a tribo dos Gaviões e descreve sobre os grupos Jê do Brasil Central.
Ao defender a relativização, Da Matta entra em choque com as ideias etnocêntricas. Desta forma, a possibilidade de haver uma compreensão do “outro, na sua forma de agir, pensar, sentir, sem que haja preconceitos, centralizando nas diferenças, sem hierarquização.
Nisso consiste a transformação do familiar em exótico e do exótico em familiar, desenvolvida pela prática etnográfica do trabalho de campo; ou seja, trata-se da possibilidade de reconhecer na cultura do “outro”  formas diferenciadas de soluções para problemas comuns aos homens e, ao mesmo tempo, de descobrir, quando se olha para a própria cultura, certo grau de falta de visão cultural por estarmos habituados a ver como natural o social e o histórico a partir dos “pré-conceitos” e ideias etnocêntricas.




[1] Cientista Social e estudante de Pedagogia da UFPI. E-mail: moraispeterson@hotmail.com