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terça-feira, 11 de outubro de 2011

O individualismo contemporâneo

No individualismo contemporâneo, a impessoalidade converteu-se em indiferença e os elos afetivos da intimidade foram cercados de medo, reserva, reticência e desejo de autoproteção. Pouco a pouco, desaprendemos a gostar de "gente". Entre quatro paredes ou no anonimato das ruas, o semelhante não é mais o próximo-solidário; é o inimigo que traz intranquilidade, dor ou sofrimento. Conhecer alguém; aproximar-se de alguém; relacionar-se intimamente com alguém passou a ser uma tarefa cansativa. Tudo é motivo de conflito, desconfiança, incerteza e perplexidade. Ninguém satisfaz a ninguém.
Na praça ou na casa vivemos - quando vivemos! - uma felicidade de meio expediente, em que reina a impressão de que perdemos a vida "em colherinhas de café".
As elites ocidentais são elites sem causa e, no Brasil, estamos repetindo o que, secularmente, aprendemos a imitar. Como nossos modelos europeus e americanos, reagimos ao sentimento de miséria em meio à opulência com apatia, imobilidade e conformismo. Construir um mundo justo? Para quê? Para quem? Por acaso um mundo mais justo seria aquele em que todos pudessem ter acesso ao que as elites têm?
Mas o que têm as elites a oferecer? Consumo, tédio, insatisfação e ostentação. Bem ou mal, em nossa tradição moral e intelectual, respondíamos às crises de identidade reinventando utópicas formas de vida em mundos melhores. Hoje, aposentamos os "Rousseau". Em vez de utopias, manuais de auto-ajuda, psicofármacos, cocaína e terapêuticas diversas para os que têm dinheiro; banditismo, vagabundagem, mendicância ou religiosismo fanático para os que apenas sobrevivem.
Se existe uma característica peculiar à violência no Brasil, é a desistência das elites em combatê-la, por falta de coragem e de motivação. No passado recente, lidamos com a truculência da ditadura militar e, desde que este país foi descoberto, conhecemos um estado crônico de violência social, sem que isto nos tenha feito capitular.
O que mudou é que, agora, não temos mais por que lutar. Sem nos darmos contas, entramos na era do "tanto faz".
Voltamos as costas ao mundo e construímos barricadas em torno do idealizado valor de nossa intimidade. Sozinhos em nossa descrença, suplicamos proteção a economistas, policiais, especuladores e investidores estrangeiros, como se algum deles pudesse restituir a esperança "no próximo" que a lógica da mercadoria devorou.
Não se trata de demonizar uma classe social ou fabricar bodes expiatórios, ressuscitando o que de pior existiu em tantas ideologias totalitárias. Trata-se de saber se acreditamos ou não, com Hannah Arendt, que "os homens, embora devam morrer, não nascem para morrer, mas para recomeçar". Mas quanto aos outros? Quanto àqueles que no governo, na universidade, na imprensa, nas casas, nas escolas, nas artes ou na política ainda esperam sem desespero? Seria muito propor uma virada de outra ordem? Seria muito propor que, em vez de ruminar o fracasso, pensássemos juntos em refazer a amizade, a lealdade, a fidelidade e a honra na vida pública e privada, o gosto pela ética no pensamento político ou visões de mundo capazes de contornar a cansaço moral decorrente de nossos hábitos sentimentais e sexuais etc.?
Obviamente, não penso que tais discussões ou eventuais programas de ação possam resolver problemas de educação, desemprego, saúde ou terra para quem quer trabalhar. Mas temos que partir de algum lugar, com a habilidade desenvolvida no domínio prático ou teórico em que nos exercitamos. O fundamental, penso, é abandonar a posição sadomasoquista de contemplação da degradação alheia ou da própria degradação. 
Peterson Silva de Morais (sociólogo)

6 comentários:

  1. 1 porque num relacionamento as pessoas querem ser pioridade e isso nem sempre e possivel
    2 porque as pessoas atualmente nao tem se colocado como pioridade
    3 sim
    james da silva de sousa

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  2. 01) Concordo, pois no mundo de tentar conhecer uma pessoa mais profudamente é uam tarefa complicada, perigosa e muito cansativa, ou seja , o individualismo passa a predominar.

    02)Devido ao proprio individualismo, faz nos afastamos cada vez mais das pessoas.


    03 É possivel, mas a felicidade plena não existe, pois a vida também é formada de erros e infelicidades.


    Paula Almeida

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  3. 1 - Acredito. que o egocentrismo foi aos poucos, não de maneira uniforme , mais significativamente destruindo os relacionamentos existente entre os seres humanos.

    2 - devido a generalização dos individualistas as pessoas vão se desapegando dos outros. por medo.

    3 - sim é possível. mais não totalmente, afinal é necessário que haja tristeza para darmos mais valor a felicidade.

    Alana Mayara'

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  4. Jefferson luan 1º ano
    devemos obeservar que somos nós o futuro do amanhã e do hoje e que nossas ações são algo que devemos observar que ecoarão no futuro mas neste mundo da para vivermos em amor e amizade basta que devemos atuar como familia e sociedade, logo por que, quem faz isso somos nós

    Jefferson Luan

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  5. Eu concordo com o texto, as pessoas no dias de hoje estao com muito medo de se relacionar, nâo existe uma preocupaçao com os sentimento, tudo gira em torno de interesses materiais ou fisicos, ninguem se preocupa com o caráter, a fidelidade, lealdade, companheirismo...
    Aluno do Insa

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  6. 1- Com o mundo globalizado têm-se uma aproximação com diversos tipos de pessoas e cada uma dela com comportamentos diferentes, isso traz para as pessoas, principalmente jovens novos tipos de comportamento tais citados no texto.

    2- Hoje com o mundo bem mais modernizado, nós seres humanos nos deixamos levar pela as facilidades que os novos equipamentos revolucionários trazem deixando-nos dependentes e sem pensarmos, dormimos tranqüilos sem se importar que esses meios eletrônicos substituam a nossa convivência com o mundo real.

    3- Sim é possível. Mas para isso devem-se primeiramente criar formas de se combater os males que estão presentes na sociedade para que possamos nos relacionar sem ter dúvidas, para que possamos andar tranquilamente sem pensar que algo de ruim nos aconteça. Mas não precisa ter tristeza pra aprender a ter felicidade porque podemos sim aprender com a felicidade.

    Klerisson victor. 2º Ano

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