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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Globalização

Documento 1
Conseqüências
O mundo da globalização nos trouxe hoje um novo perfil de jovem: os inconseqüentes, os fora dos limites. São jovens dos quais se impõem as regras da sociedade e as da própria família, tal fato pode ser explicado pelo avanço tecnológico, onde o jovem se esconde  por trás de um computador, um telefone celular, uma TV, um aparelho de som e desliga-se do meio em que vive transformando-se em alguém desconhecido.
            Os meios de comunicação, os tornaram assim, os levaram a ser assim pois dão a elas a total liberdade de que precisam, os tornam donos do mundo, donos de si, os mostram que limites não existem e se há regras não precisam se seguidas.
            Portanto todos os feitos juvenis são conseqüências de um mundo sem regras, globalizado.
Jociara Gomes (estudante do ensino médio)


Documento 2
Jovem pós - moderno.

“[...] Ao acordá-lo, a TV digital dispara informações sobre o tempo e o trânsito. Ligando o celular ouve-se  FM. O vibramassageador amacia-lhe a nuca, enquanto o forno microondas descongela um sanduíche natural. No seu notbook, sua agenda indica:
/ SHOPPING 18:00/ OPÇÕES: HERRY POTTER, DVD  ROSE, SE LIGAR/ SE NÃO LIGAR, OPÇÕES:– MALHAÇAO NA TV – DORMIR COM SONÍFEROS VITAMINADOS.
Seu programa rolou fácil. Na rua divertiu-se pacas com a manifestação contra o aumento dos  vales estudantis que contava com um bloco só de estudantes. Rose ligou. Você embarcou no filme Herry Potter sentado numa poltrona estilo Menphis: Em Cena, a Decadência. A câmera adaptada ao vídeo filmou vocês enquanto faziam carícias explicitas. Ao trazê-lo de carro para casa, Rose, que esticaria até uma festa, veio tipo impacto: maquiagem teatral, brincos enormes e uma gravata prateada sobre camisão lilás. Na cama, um sentimento de vazio e irrealidade se instala em você. Sua vida se fragmenta desordenadamente em imagens, dígitos, signos – tudo leve e sem substância como um fantasma. Nenhuma revolta. Entre a apatia e a satisfação, você dorme.”
 Peterson Silva de Morais(sociólogo)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O individualismo contemporâneo

No individualismo contemporâneo, a impessoalidade converteu-se em indiferença e os elos afetivos da intimidade foram cercados de medo, reserva, reticência e desejo de autoproteção. Pouco a pouco, desaprendemos a gostar de "gente". Entre quatro paredes ou no anonimato das ruas, o semelhante não é mais o próximo-solidário; é o inimigo que traz intranquilidade, dor ou sofrimento. Conhecer alguém; aproximar-se de alguém; relacionar-se intimamente com alguém passou a ser uma tarefa cansativa. Tudo é motivo de conflito, desconfiança, incerteza e perplexidade. Ninguém satisfaz a ninguém.
Na praça ou na casa vivemos - quando vivemos! - uma felicidade de meio expediente, em que reina a impressão de que perdemos a vida "em colherinhas de café".
As elites ocidentais são elites sem causa e, no Brasil, estamos repetindo o que, secularmente, aprendemos a imitar. Como nossos modelos europeus e americanos, reagimos ao sentimento de miséria em meio à opulência com apatia, imobilidade e conformismo. Construir um mundo justo? Para quê? Para quem? Por acaso um mundo mais justo seria aquele em que todos pudessem ter acesso ao que as elites têm?
Mas o que têm as elites a oferecer? Consumo, tédio, insatisfação e ostentação. Bem ou mal, em nossa tradição moral e intelectual, respondíamos às crises de identidade reinventando utópicas formas de vida em mundos melhores. Hoje, aposentamos os "Rousseau". Em vez de utopias, manuais de auto-ajuda, psicofármacos, cocaína e terapêuticas diversas para os que têm dinheiro; banditismo, vagabundagem, mendicância ou religiosismo fanático para os que apenas sobrevivem.
Se existe uma característica peculiar à violência no Brasil, é a desistência das elites em combatê-la, por falta de coragem e de motivação. No passado recente, lidamos com a truculência da ditadura militar e, desde que este país foi descoberto, conhecemos um estado crônico de violência social, sem que isto nos tenha feito capitular.
O que mudou é que, agora, não temos mais por que lutar. Sem nos darmos contas, entramos na era do "tanto faz".
Voltamos as costas ao mundo e construímos barricadas em torno do idealizado valor de nossa intimidade. Sozinhos em nossa descrença, suplicamos proteção a economistas, policiais, especuladores e investidores estrangeiros, como se algum deles pudesse restituir a esperança "no próximo" que a lógica da mercadoria devorou.
Não se trata de demonizar uma classe social ou fabricar bodes expiatórios, ressuscitando o que de pior existiu em tantas ideologias totalitárias. Trata-se de saber se acreditamos ou não, com Hannah Arendt, que "os homens, embora devam morrer, não nascem para morrer, mas para recomeçar". Mas quanto aos outros? Quanto àqueles que no governo, na universidade, na imprensa, nas casas, nas escolas, nas artes ou na política ainda esperam sem desespero? Seria muito propor uma virada de outra ordem? Seria muito propor que, em vez de ruminar o fracasso, pensássemos juntos em refazer a amizade, a lealdade, a fidelidade e a honra na vida pública e privada, o gosto pela ética no pensamento político ou visões de mundo capazes de contornar a cansaço moral decorrente de nossos hábitos sentimentais e sexuais etc.?
Obviamente, não penso que tais discussões ou eventuais programas de ação possam resolver problemas de educação, desemprego, saúde ou terra para quem quer trabalhar. Mas temos que partir de algum lugar, com a habilidade desenvolvida no domínio prático ou teórico em que nos exercitamos. O fundamental, penso, é abandonar a posição sadomasoquista de contemplação da degradação alheia ou da própria degradação. 
Peterson Silva de Morais (sociólogo)